De irmão coragem a vilão: A montanha-russa da carreira política de Carlos Souza
A trajetória de Carlos Souza, de líder político e pioneiro no jornalismo policial a alvo de polêmicas
MANAUS – Durante os anos 2000, Carlos Souza emergiu como uma das figuras políticas mais influentes do Amazonas, junto com seu irmão, Wallace Souza. Eles comandavam o programa “Canal Livre”, que desde sua estreia em 1998, liderava a audiência no estado, sendo pioneiro no jornalismo policial local. Carlos Souza foi o vereador mais votado de Manaus nas eleições de 2000, com mais de 68 mil votos, o que impulsionou sua trajetória política.
Em 2002, Carlos buscou alçar voos mais altos e candidatou-se a deputado federal, conseguindo ser eleito e reeleito em 2006. Seu sucesso continuou quando ele foi escolhido por Amazonino Mendes para ser vice-prefeito de Manaus de 2009 a 2010. No entanto, devido a conflitos internos com Amazonino, ele decidiu se candidatar novamente para a Câmara dos Deputados em 2010, sendo eleito com mais de 112 mil votos, tornando-se o deputado federal mais votado da história do Amazonas até 2018.
Controvérsias
A carreira de Carlos Souza também foi marcada por graves acusações. Em 2009, Wallace Souza, seu irmão, foi cassado e preso por suspeita de encomendar mortes para exibir no programa “Canal Livre” e por liderar uma organização criminosa no Amazonas. Wallace também enfrentou acusações de formação de quadrilha, posse ilegal de armas e associação para o tráfico de drogas. Wallace morreu em 2010, vítima de uma parada cardíaca.
Carlos, junto com seu irmão Fausto e outras quatro pessoas, foi citado na sentença que investigava essas atividades criminosas. Em 2019, Carlos Souza pediu exoneração do cargo de subsecretário de apoio às comunidades da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) após ser condenado a 15 anos de prisão por associação para o tráfico de drogas.
Absolvição e alívio
Em uma reviravolta dramática, Carlos Souza e seu irmão Fausto foram absolvidos por unanimidade, com a decisão sendo baseada na falta de provas contundentes. O relator da ação, desembargador João Mauro Bessa, destacou a falta de robustez nas provas apresentadas e considerou a fundamentação da condenação frágil e superficial. “A sentença teve alicerce apenas em relatórios de interceptação e quebra de sigilo telefônico e em testemunhos colhidos em ações penais, sem provas concretas que justificassem a condenação”, afirmou Bessa.
Carlos expressou alívio e emoção com a absolvição, mencionando que foi a primeira vez em anos que conseguiu dormir sem a necessidade de remédios. Ele alegou que a condenação foi uma ação orquestrada de perseguição política contra ele e seus irmãos, que ganharam notoriedade com o programa “Canal Livre”, que misturava jornalismo policial com ações sociais para a população carente de Manaus.
A série da Netflix “Bandidos na TV” trouxe à tona as complexidades do período em que os irmãos Souza apresentavam o programa, analisando a alegação de perseguição política contra a família. Com a absolvição, Carlos Souza, afirma que sua vida está nas mãos de Deus. Atualmente, o progama criado pelos ‘irmãos coragem’ segue no ar sob o nome “Sinal Livre”, apresentado por Willace Souza, filho do falecido Wallace, mas sem o mesmo destaque e audiência de antes.