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Lula clama por paz na Ucrânia e no Oriente Médio durante discurso na Cúpula dos Brics

Lula critica desigualdade global em discurso na Cúpula dos Brics.

BRASIL – Em discurso virtual na Sessão Plenária Aberta da Cúpula dos Brics, realizada nesta quarta-feira (23) em Kazan, Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou seu apelo pela paz nos conflitos globais, com ênfase na guerra entre Rússia e Ucrânia, além do recente agravamento no Oriente Médio. Participando por videoconferência direto do Palácio da Alvorada, em Brasília, Lula destacou o risco de escalada dos conflitos em direção a uma catástrofe global.

“Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia. No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns”, afirmou o presidente.

O apelo de Lula ocorre em um contexto de tensões crescentes no Oriente Médio, com o conflito Israel-Palestina intensificando-se na Cisjordânia e no Líbano. O presidente também pontuou que o Brasil irá reafirmar sua vocação para buscar um mundo multipolar e relações internacionais mais equilibradas quando assumir a presidência rotativa do Brics em janeiro de 2025.

O papel do Brics na nova governança global

Para Lula, os países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – são fundamentais para moldar um novo modelo de governança global. Combinados, representam 36% do PIB global por paridade de poder de compra. No entanto, o presidente criticou o fluxo financeiro internacional, que, segundo ele, continua favorecendo as nações mais ricas em detrimento das economias emergentes.

“Os fluxos financeiros seguem para nações ricas. É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido. As iniciativas e instituições do Brics rompem com essa lógica”, disse Lula, sugerindo que o bloco representa uma oportunidade para reverter esse padrão.

Mudanças climáticas e responsabilidade dos países ricos

O discurso de Lula também trouxe à tona a questão climática, ressaltando a importância do Brics no enfrentamento das mudanças climáticas. O presidente destacou que, embora todos os países tenham um papel a desempenhar, a responsabilidade maior recai sobre os países desenvolvidos, que, com seu histórico de emissões, contribuíram mais significativamente para a crise atual.

“A maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje”, afirmou. Lula cobrou medidas mais ambiciosas, além do financiamento climático de US$ 100 bilhões para as nações mais pobres, um compromisso firmado em 2009 e apenas cumprido em 2022.

Representação do Brasil na cúpula

Devido a um acidente doméstico ocorrido no último sábado (19), Lula cancelou sua viagem à Rússia seguindo recomendações médicas. O presidente brasileiro sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, optando por participar do evento remotamente. Para representá-lo presencialmente em Kazan, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajou ao encontro dos demais líderes na noite do domingo (20).

O discurso de Lula reflete o tom crítico e a postura ativa do Brasil no cenário internacional, defendendo a busca por soluções pacíficas e uma governança global mais equitativa. A mensagem transmitida aos Brics indica uma vontade de desempenhar um papel mais assertivo na resolução de conflitos e na promoção de uma ordem mundial multipolar.

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