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Metade da população adulta consome álcool no Brasil

De acordo com o levantamento realizado pelo Datafolha, no relatório Consumo de Bebidas Alcoólicas pelos Brasileiros, realizado entre os dias 8 e 11 de abril de 2025, metade (49%) dos brasileiros adultos afirma consumir bebidas alcoólicas. A pesquisa ouviu 1.912 pessoas em 113 municípios de todo o país, com margem de erro de dois pontos percentuais, dentro de um intervalo de confiança de 95%. Conforme informado na publicação, a frequência de consumo varia: 3% bebem de cinco a sete dias por semana, 3% de três a quatro vezes, 20% de uma a duas vezes por semana, e 10% uma vez a cada 15 dias. Outros 13% ingerem bebidas alcoólicas com menor regularidade, cerca de uma vez por mês.

Segundo os dados apresentados, há diferenças entre gêneros e faixas etárias. Entre os homens, 58% consomem álcool, contra 42% das mulheres. No recorte por idade, os índices mais elevados estão entre jovens de 18 a 34 anos (58%), enquanto a taxa cai para 35% entre os brasileiros com 60 anos ou mais. A renda também se mostra um fator a ser analisado: 43% das pessoas com renda de até dois salários mínimos consomem álcool, índice que sobe para 64% entre os que recebem entre cinco e dez salários. Além disso, a prática varia entre religiões: 27% dos evangélicos afirmam ingerir bebidas alcoólicas, contra 58% dos católicos.

O relatório aponta dados relevantes sobre a intensidade do consumo. Entre os consumidores de álcool, a média registrada na semana anterior ao levantamento foi de 4,5 doses, considerando copos, latas, taças ou drinques. Do total, 19% consumiram até duas doses, 16% entre três e cinco doses, e 13% entre seis e dez doses. Já 10% relataram consumo igual ou superior a 11 doses. Uma parcela de 18% admite beber em excesso, enquanto 81% acreditam manter um padrão considerado adequado.

Sobre os números, Miler Nunes Soares, médico psiquiatra e responsável pela Clínica de Recuperação de Drogas Granjimmy, avaliou que os dados reforçam a necessidade de atenção às políticas de prevenção. Segundo ele, a diferença entre gêneros e faixas de renda reflete a diversidade de contextos em que o consumo ocorre. “O levantamento mostra que o consumo excessivo, ainda que minoritário, é significativo. Isso evidencia que parte da população não reconhece os riscos associados, o que pode resultar em maior demanda por tratamento. É fundamental que o debate sobre álcool no Brasil não se limite apenas à estatística, mas também considere estratégias de conscientização e suporte médico especializado”, afirmou.

Conforme informado na pesquisa, entre os brasileiros que ingerem bebidas alcoólicas, 53% relataram ter diminuído a quantidade consumida no último ano, enquanto 35% disseram que o nível permaneceu o mesmo e 12% declararam aumento. Já entre os que não consomem, 48% afirmaram que já ingeriram bebidas no passado, mas deixaram de consumir, e 52% disseram nunca ter consumido. Entre os motivos para a abstenção, 34% destacaram preocupações com a saúde e 21% mencionaram não gostar do sabor.

Questionado sobre os desdobramentos, Miler acrescentou que os resultados permitem uma visão de futuro positiva, desde que sejam acompanhados por políticas adequadas. Para ele, a redução autorreferida por parte dos consumidores é um indicativo de que existe maior percepção dos riscos. Esse é um caminho de entendimento que é seguido na unidade da Clínica de Recuperação em Rondônia “O caminho está em associar esses dados a campanhas educativas e ao fortalecimento dos serviços de apoio. Se esse movimento for mantido, é possível reduzir progressivamente os índices de consumo excessivo e oferecer melhores perspectivas para as próximas gerações”, concluiu.