
Energia limpa sem investimento chega a mais brasileiros
A geração distribuída tem se consolidado como uma das estratégias mais relevantes da transição energética no Brasil. Com base em um modelo de produção próxima ao consumo e com fontes renováveis, a modalidade vem crescendo no país impulsionada por mudanças regulatórias, avanços tecnológicos e novos formatos de participação coletiva, como as cooperativas de energia.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o mundo adicionou cerca de 507 gigawatts de capacidade renovável à matriz elétrica em 2023 — um novo recorde global. No Brasil, 93,1% da geração de energia elétrica no mesmo ano veio de fontes renováveis, o que reforça o potencial do país para liderar a transição energética.
A maior parte dessa geração, no entanto, ainda depende das hidrelétricas, cuja produção está diretamente ligada ao volume de chuvas. Em períodos de escassez hídrica, é comum o acionamento de termelétricas — fontes mais poluentes e caras — para garantir o fornecimento. Apesar da matriz majoritariamente renovável, esse cenário reforça a importância de diversificar as fontes e ampliar o acesso a modelos descentralizados de geração. Ainda assim, muitos consumidores associam o uso de energia renovável à necessidade de investir em equipamentos próprios, como painéis solares instalados no telhado. Essa percepção tem sido uma barreira para o avanço da democratização do setor.
Com base no modelo de geração compartilhada via cooperativas, residências e empresas em baixa tensão passaram a ter acesso a créditos de energia limpa injetada na rede elétrica, sem precisar investir na instalação de equipamentos. A lógica é semelhante ao cooperativismo de crédito: o cliente se associa a uma cooperativa que aluga usinas já conectadas à rede, e passa a receber os créditos de energia proporcionais à sua cota diretamente em sua fatura mensal. A estrutura tem respaldo legal pela Lei nº 14.300/2022, que regulamenta a geração distribuída no Brasil e estabelece regras para compensação de créditos, incluindo a figura do cooperado.
Nesse cenário, empresas especializadas têm atuado como gestoras dessas cooperativas, ampliando o alcance do modelo e garantindo que a energia gerada seja corretamente compensada. Uma dessas empresas é a Nex Energy, que atua exclusivamente na gestão de créditos de energia e já administra usinas em diferentes regiões do país. A operação é baseada em fontes como solar fotovoltaica, biogás, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas — todas com baixo impacto ambiental e alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“É comum a ideia de que a única forma de ter economia com energia limpa é investindo em placas solares próprias. O que mostramos diariamente é que há um modelo legal e acessível, baseado em cooperativas, que permite a qualquer pessoa ou empresas em baixa tensão acessar energia renovável, com desconto na conta de luz e sem investimento inicial”, explica Bruno Marques, diretor comercial da Nex Energy. “Nosso desafio é ajudar o consumidor a entender que é possível fazer parte dessa transformação energética de forma simples e segura.”
O modelo tem ganhado força também entre micro e pequenas empresas preocupadas com eficiência financeira e práticas ESG. A geração distribuída, além de reduzir a conta de energia, protege o consumidor contra variações de bandeiras tarifárias e permite um posicionamento sustentável no mercado. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) projeta que a geração compartilhada continuará crescendo nos próximos anos, especialmente em sistemas de até 5 megawatts, como os operados pelas cooperativas de energia.