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BR-319: ramais levam Amazonas a recorde de queimadas em setembro

Em setembro, o Amazonas atingiu uma marca recorde de queimadas, estendendo-se por uma área significativa ao longo da BR-319, ligando Manaus a Porto Velho, bem como suas estradas secundárias, conhecidas como ramais. Isso tem gerado preocupações especialmente nas áreas protegidas pelo direito ambiental em terra e águas doces, além das áreas marinhas.

Aumento alarmante na área queimada

Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicam que o estado do Amazonas registrou um recorde de 10.506 km² de área queimada até o final de setembro de 2023. Esta estatística representa um aumento notável em comparação com anos anteriores, e essa alta reflete também na Amazônia Legal, com um aumento de aproximadamente 5% em relação a 2022.

Zona de atenção

Este ano, as queimadas se intensificaram ao longo da BR-319 e seus ramais, que atravessam uma região repleta de áreas protegidas. Isso levou a aproximadamente 1.842 focos de calor detectados até o final de setembro, representando cerca de 13% do total no estado. Embora o número de focos ao longo da rodovia tenha diminuído em comparação com o ano passado, houve um aumento significativo nos ramais ligados à BR-319, onde foram registrados 1.753 focos de calor, em comparação com 805 no ano anterior.

Ameaça àt Terras indígenas e unidades de conservação

Esses ramais afetados pelas queimadas passam por 35 terras indígenas e 24 unidades de conservação, resultando em uma ameaça significativa a essas áreas sensíveis. Um dos registros mais alarmantes ocorreu na AM-254, que corta os municípios de Careiro, Autazes e Nova Olinda do Norte, e acumulou 873 focos de calor em 2023, afetando as terras habitadas pelos povos Munduruku, Mura e Sateré-Mawé, bem como seis unidades de conservação.

Desmatamento e pavimentação de estradas

A pavimentação da BR-319, conhecida como o “Trecho do Meio,” também preocupa especialistas, visto que a devastação aumentou consideravelmente, apesar de ainda não ter recebido a licença de operação. Nesse trecho, desmatamento, abertura de pastos e garimpo avançam em paralelo.

Populações locais

Para garantir que as populações locais e tradicionais sejam ouvidas, foram criados protocolos de consulta nessas áreas, conforme o estabelecido na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige que as populações afetadas sejam consultadas antes de qualquer empreendimento que possa impactar seus modos de vida.

Degradação

Além do desmatamento, a degradação florestal tem favorecido a propagação de incêndios durante os períodos secos. No entanto, é importante destacar que a alta nos incêndios está intrinsecamente relacionada ao aumento das atividades de desmatamento. Isso torna essencial o combate às práticas ilegais que desencadeiam incêndios devastadores na região.

Mudanças climáticas

As mudanças climáticas, juntamente com atividades humanas prejudiciais, estão tornando a Amazônia ainda mais suscetível a incêndios e desmatamento. Garantir a proteção das áreas protegidas, terras indígenas e unidades de conservação na Amazônia Legal é crucial para mitigar os impactos ambientais crescentes.

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